Notícias

“Chamam de progresso, mas os lucros são privados e nos territórios ficam a doença e a devastação”, diz um dos moradores; “Já nos deram golpes e balas de borracha. Não me importo. Vou deixar a vida pelos meus filhos”, afirma outro.

Do Opera Mundi

Formado por donas de casa, funcionários públicos, empregados do setor privado, jovens e adultos, o movimento Assembleia das Malvinas Argentinas – cidade da província de Córdoba – completou em setembro mais de 730 dias combatendo a Monsanto, a maior corporação agrícola mundial. “Chamam de progresso, mas os lucros são privados e nos territórios ficam a doença e a devastação”, diz um dos moradores.

A região é cercada por plantações de transgênicos e fumigações. O impacto na vida das pessoas é sentido pela contaminação vivenciada por familiares, vizinhos e no próprio corpo. Aos poucos, os moradores da região começaram a se informar sobre a empresa e o impacto que a fábrica de milho transgênico teria naquela sociedade. Então decidiram, em 19 de setembro de 2013, realizar o bloqueio da entrada da fábrica e, mesmo com a repressão da polícia e do governo local, dois anos depois, seguem barrando os objetivos da corporação.

O fato, estranhado pela própria empresa que “reconheceu nunca ter passado por semelhante situação”, como afirma um dos moradores, é objeto de estudo para acadêmicos e é considerado um importante caso testemunhal para outros movimentos, além de mau exemplo por governos e empresas. Para a Monsanto, é uma manifestação que impede "o direito ao trabalho".

Para retratar essa experiência, o jornalista argentino Darío Aranda foi até a localidade e registrou as impressões dessas pessoas que lutam contra uma causa supostamente perdida e estão ganhando. Segue o relato:

Belém e a Amazônia recebem pela primeira vez o Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA) que reunirá mais de 3 mil pessoas, no Hangar Centro de Convenções da Amazônia, de 28 de setembro a 01 de outubro. Em sua 9ª edição, o evento congrega em um só lugar produtores, artesãos, discussões acadêmicas, movimentos sociais, ativistas, feiras, visitas técnicas e eventos culturais, apresentando à cidade não apenas uma atividade produtiva e o consumo de produtos mais saudáveis, mas todo um modo de vida que consagra em harmonia, o trabalho, a produção, as pessoas e o meio ambiente.
 
As inscrições continuam abertas no site do congresso (www.cbagroecologia.org.br) e também poderão ser feitas no local do evento, na manhã da abertura, no dia 28/09. Mas a população da capital que não participará dos debates e mesas, também está convidada a aproveitar alguns presentes do evento à Belém, como a Feira de Saberes e Sabores, um espaço com 150 expositores, que trarão uma mostra da diversidade da produção agroecológica da Amazônia, com comidinhas saudáveis, frutas, verduras, mel e derivados, produtos semi-industrializados, biojóias e muito artesanato. Uma vasta programação cultural diária, sempre no intervalo do almoço e ao final do dia, será outra grande atração gratuita para quem quiser visitar a feira e o congresso no Hangar.
 
IX CBA

O congresso traz como tema "Diversidade e Soberania na Construção do Bem Viver", assunto que tem tudo a ver com a Amazônia, que pela primeira sedia o evento. A região concentra uma diversidade ecológica, histórica, cultural, social, econômica e política, que sintetiza a essência da caminhada agroecológica, conforme avaliou Irene Cardoso, presidente da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), promotora do CBA.
 
Serão duas grandes conferências, 12 mesas-redondas, 10 rodas de conversas, nove seminários e 22 oficinas, além de debates das apresentações orais ou escritas dos 165 relatos de experiências e outros 1200 posteres de trabalhos acadêmicos, divididos em 42 diferentes espaços no interior do Hangar. Esses, entre as novidades do CBA que promove a aproximação e a troca de saberes entre a academia, o chamado saber científico, e a vivência das populações tradicionais, o saber tradicional, que ganham esse espaço, lado a lado, para a construção conjunta e aprofundamento da agroecologia na Amazônia e no Brasil.

por Lorraine Chow, do EcoWatch

A primeira do país, a Agência de Proteção Ambiental da Califórnia (Cal/EPA, por sua sigla em inglês) informou que pensa em reclassificar o glifosato – ingrediente tóxico ativo do herbicida Roundup, da Monsanto – por saber que provoca câncer.

Segundo uma "notícia de intenção”, publicada recentemente pelo Escritório de Avaliação de Risco Sanitário Ambiental (OEHHA, por sua sigla em inglês), pertencente à Cal/EPA, a ação entra no âmbito da Proposta 65, da Califórnia, que obriga o Estado a publicar uma lista de produtos químicos conhecidos por serem causa de câncer, defeitos pré-natais e outros danos reprodutivos.

A mesma lei, também conhecida como Lei de Responsabilidade pela Água Potável Segura e os Tóxicos, de 1968, exige também que certas substâncias identificadas pela Agência Internacional de Pesquisa do Câncer (IARC, por sua sigla em inglês), dependente da Organização Mundial da Saúde (OMS), sejam incorporadas à lista de cancerígenos.

Evento discutiu o Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pronara) e contou com o lançamento do Dossiê Abrasco sobre Agrotóxicos. Ministro Patrus Ananias recebeu uma cópia

Por Comunicação Abrasco

Representada por membros dos grupos temáticos Saúde e Ambiente (GTSA) e Alimentação e Nutrição em Saúde Coletiva (GT ANSC), a Associação Brasileira de Saúde Coletiva participou do Seminário Dialoga Brasil Agroecológico, realizado entre 16 e 18 de setembro, em Brasília. O evento, organizado pela Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (CNAPO), teve o objetivo de promover a troca de opiniões e de ideias entre o governo federal e a sociedade civil, gerando contribuições para a elaboração do 2º Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (2º Planapo), período 2016-2019, a partir da proposta da Câmara Interministerial de Agroecologia e Produção Orgânica (CIAPO).

Um dos pontos importantes do 2º Planapo é o Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pronara), razão pela qual a Abrasco foi convidada a fazer o lançamento do Dossiê Abrasco: Um Alerta dos Impactos dos Agrotóxicos na Saúde ao final da cerimônia de abertura do evento, no Palácio do Planalto, na noite do dia 16.

O evento contou com a participação dos ministros Miguel Rossetto (Secretaria Geral da Presidência da República) e Patrus Ananias (Ministério do Desenvolvimento Agrário), além representantes da sociedade civil, como Generosa de Oliveira Silva, representante da Marcha das Margaridas; Maria Emília Pacheco, presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea), e Paulo Petersen, pela CNAPO, AS-PTA – Agricultura Familiar e Agroecologia e Associação Brasileira de Agroecologia (ABA).

Estudo da Universidade de La Plata encontrou agrotóxicos em verduras e cítricos. Em análise de 60 amostras de frutas e verduras foram encontrados agrotóxicos em 83% dos cítricos e cenouras, e em 78% dos pimentões, e em 70% das verduras de folhas. Os venenos detectados foram inseticidas e fungicidas.

Por Darío Aranda – Tradução: Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida

Oito em cada dez verduras e frutas têm agrotóxicos. É o que afirma uma pesquisa realizada pela Universidade Nacional de La Plata (UNLP), na qual foram analisadas verduras de folha verde, cítricos e hortaliças. Em 76,6% das amostras havia ao menos um tipo de agrotóxico, e em 27,2% havia entre 3 e cinco tipos da substância. “A variedade de agrotóxicos é muito grande. E o coquetel de químicos é muito forte”, assegurou Damián Marino, coordenador do trabalho. Entre os produtos mais encontrados está o inseticidas endolsulfan, proibido na Argentina desde 2013.

Agrotóxicos. Os condimentos não declarados” é o nome do estudo realizado por cientistas do Espaço Multidisciplinar de Interação Sócio Ambiental (Emisa), da UNLP. O trabalho, realizado entre novembro de 2014 e abril de 2015, analisou 60 amostras de frutas e verduras. Separadas por categoria, 83% dos cítricos (laranjas e tangerinas) e de cenouras tinhas agrotóxicos. Também tiveram resultado positivo 78% dos pimentões e 70% das verduras de folha verde (alface e acelga).

Intoxicação mata cinco vezes mais que conflitos no campo. Os três poderes da República e a mídia facilitam a vida dos fabricantes

por Isaías Dalla, da CUT

Os agrotóxicos – ou veneno ou pesticida, como preferem denominá-los seus críticos – têm presença forte na mesa dos brasileiros e são mortais. Para quem trabalha nas plantações, a morte vem rápida e pode ser mais facilmente associada aos pesticidas. Para quem mora nas cidades, a aparente distância dos agrotóxicos esconde que mortes por câncer e outras doenças podem ter sido causadas por essas substâncias.

Porém, segundo dados oficiais da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), 64% dos alimentos consumidos no Brasil estão contaminados. O número muito provavelmente é maior que esse, em virtude de o mais usado agrotóxico, o glifosato, estar livre de monitoramento, por uma conveniência aberta pela legislação. E a ciência já tem comprovado que há potencial cancerígeno nos herbicidas – sem falar em outras doenças.

As mortes diretamente causadas pelos agrotóxicos atingiram média de 170 trabalhadores do campo ao ano, no período entre 1999 e 2009. São duas por dia. Cinco vezes mais que os assassinatos motivados por conflitos fundiários registrados pela CPT (Comissão Pastoral da Terra) no período.

do IHU

“Dependendo do tipo de intoxicação que ocorre, o tratamento é apenas sintomático, e dificilmente se reverte uma intoxicação, porque são poucos os agrotóxicos que têm ‘antídotos’. Muitas vezes esses danos podem continuar se manifestando de forma silenciosa até o fim da vida, tendo como resultado, por exemplo, o aparecimento de um câncer”, alerta a toxicologista.

Quando o assunto é agrotóxico e saúde, a discussão tem de ser feita a partir da perspectiva da “prevenção para evitar que um dano à saúde se estabeleça”, diz Karen Friedrich à IHU On-Line. Além da prevenção, frisa, “seria importante incentivar iniciativas como o incentivo às práticas agroecológicas”, já que o Brasil é considerado o campeão de uso de agrotóxicos há sete anos.

Na entrevista a seguir, concedida por telefone, Karen explica que alguns fatores contribuem para que agrotóxicos já banidos em outros países continuem sendo utilizados nas lavouras brasileiras. Entre eles, ela menciona a forma como esses produtos são analisados no Brasil, individualmente, sem considerar que durante a aplicação nas lavouras há um uso combinado de vários tipos de agrotóxicos. Além disso, destaca, a estrutura dos órgãos de vigilância e fiscalização é “precária”, o que impede o acompanhamento das populações expostas, para verificar quais são os riscos do contato com essas substâncias. “Outras ações importantes deveriam ser feitas a partir do Estado, para melhorar a capacitação dos médicos e profissionais da saúde, possibilitando o diagnóstico das pessoas contaminadas e, consequentemente, o tratamento, quando possível”, sugere.

Apesar da resistência brasileira em banir esses produtos, Karen informa que instituições nacionais, a exemplo do Instituto Nacional do Câncer – INCA, desenvolvem campanhas e parcerias com o Instituto Internacional de Pesquisa em Câncer - IARC da Organização Mundial da Saúde – OMS, que faz “avaliações e revisões sistemáticas sobre alguns agrotóxicos”. “Os estudos feitos pelo IARC mostram que os agrotóxicos que usamos no Brasil apresentam enorme potencial de desenvolvimento de câncer em seres humanos. Dentre eles, o glifosato foi classificado como carcinógeno humano, assim como o malathion, que é muito usado também em campanhas de saúde pública [pulverizado em campanhas de combate ao mosquito da dengue], e o herbicida 2,4-D, que foi classificado como possível carcinógeno humano”, alerta.

do blog do Pedlowsky

O jornal inglês “The Guardian” publicou hoje uma extensa matéria sobre o conflito que coloca a população das diversas ilhas que formam o estado do Havai e três gigantes do setor agroquímico mundial (Syngenta, Dow, DuPont, Basf e Pioneer) por causa do uso intensivo de agrotóxicos e sementes geneticamente modificadas (Aqui!).

O conflito ocorre em torno dos esforços das corporações em bloquear leis aprovadas localmente para impedir a aspersão de agrotóxicos em áreas próximas a escolas e hospitais, o que está enfurecendo a população que está preocupada com o aumento de nascimentos de crianças com graves problemas de saúde, o que está sendo associado ao uso intensivo de substâncias proibidas na União Européia que incluem a atrazina, o paraquat e o clorpirifós. Em função da experiências com a resistência das plantas a esse coquetel venenoso, as áreas de cultivo ilhas havaianas estariam recebendo 17 vezes mais agrotóxicos do que uma área localizada na área continental dos EUA.

Emanuelle Brasil, Agência Câmara

Em audiência pública promovida nesta segunda-feira pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, especialistas assinalaram que um terço dos alimentos consumidos no dia a dia pelos brasileiros está contaminado por agrotóxicos. A análise foi feita pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) com base em amostras coletadas nos 26 estados em 2011.

O debate sobre o vínculo entre agrotóxicos e doenças graves foi realizado na Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul.

Os agrotóxicos usados na agricultura, no ambiente doméstico e em campanhas de saúde pública como inseticida estão associados a diversas doenças como o câncer, o mal de Parkinson e a depressão.

O pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Luiz Claudio Meirelles, alertou para a ingestão contínua de quantidades pequenas de agrotóxicos no dia-a-dia. “75% dos alimentos têm resíduos de agrotóxicos. A cada vez que você bota uma refeição na mesa, ela está ali com uma quantidade de resíduos enormes, e os estudos têm mostrado que chegam a 17 diferentes tipos de agrotóxicos para o qual a ciência sequer tem ferramental para dizer como é que isso vai funcionar para a vida.”

Alepe 44Por Eduardo Amorim (Centro Sabiá)

Responsável por alguns dos produtos que mais ameaçam a saúde do povo e a agrobiodiversidade brasileira, a empresa Monsanto teve de responder a graves indagações feitas por representantes de movimentos sociais e acabou sendo desmentida em dois pontos, pelo deputado estadual Rodrigo Novaes e pelo representante do Fórum Pernambucano de Combate aos Efeitos dos Agrotóxicos, Pedro Albuquerque, durante audiência da Comissão de Agricultura na Assembleia Legislativa, realizada nesta terça-feira.

O parlamentar questionou o fato do glifosato ter sido apresentado pela empresa como se estivesse na mesma categoria em relação ao potencial de câncer que outros produtos bastante conhecidos, como o cafezinho. Autor de projeto de lei para proibir o produto em Pernambuco (o glifosato é utilizado por mais de 50 empresas e faz parte da fórmula do RoundUp, produto mais vendido da Monsanto), Rodrigo Novaes lembrou que a classificação pela Anvisa mudou para 2ª e assim o agrotóxico “não está no mesmo hall. Então é preciso que a gente tenha cuidado para fazer o debate no mais alto nível”, pediu.

17ª edição do Festival internacional de Cinema e Vídeo Ambiental premiou o francês Transgenic Wars, como melhor filme, e o brasileiro o Veneno Está na Mesa 2, como melhor longa. Confira a reportagem.

Troféu na mão: filmes premiados do Fica 2015

Reportagem: Clenon Ferreira e Leandro Arantes

A entrega dos troféus aos filmes premiados na 17ª edição do Festival internacional de Cinema e Vídeo Ambiental, Fica 2015, ocorreu neste domingo, último dia do Festival, às 17h no Cinemão do Colégio Sant’Ana. A Secretária de Educação, Cultura e Esporte (Seduce), Raquel Teixeira, foi quem entregou o troféu ao média-metragem francês Transgenic Wars, do diretor Paul Moreira, eleito o melhor filme pelo júri da Mostra Competitiva do Fica 2015.

O filme aborda domínio da agricultura mundial pelos alimentos transgênicos. A produção foi da Dinamarca à Argentina e apontou efeitos da alimentação de animais de abate com transgênicos para trazer à tona a discussão sobre o crescimento desenfreado desta prática e suas consequências.

O documentário O Veneno está na mesa 2, de Silvio Tendler, recebeu o Troféu Carmo Bernardes, como o melhor longa da competição, pela perspicaz associação entre o meio ambiente, saúde e economia, propondo alternativas ao modelo hegemônico na agropecuária brasileira.

Subcategorias