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Processos de adoecimentos inerentes a matriz técnica hegemônica, o caso dos agrotóxicos em Jaguaré-ES

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Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Saúde Pública, subárea Trabalho, Saúde, Ambiente e Movimentos Sociais, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, na Fundação Oswaldo Cruz, como requisito parcial para a obtenção de título de mestre em saúde pública.

Autor: Paulo Cesar Aguiar Junior

Resumo

O presente trabalho procurou compreender a territorialização dos agrotóxicos e sua relação com processos de adoecimentos, tomando o município de Jaguaré-ES como estudo de caso.

Foi realizada uma síntese histórica do processo de modernização conservadora em nível de Brasil e Espírito Santo, de modo a evidenciar os sujeitos que protagonizaram esse processo de transformação do espaço rural em diferentes escalas. Demonstrou-se assim como essas transformações tornaram os territórios cada vez mais entrepostos por objetos técnicos originários da inventividade humana e a serviço do capital. O modelo de produção agrícola hegemônico é uma expressão evidente da metamorfose entre técnica hegemônica e capital, sem qualquer regulação os agrotóxicos são amplamente utilizados com vistas ao fim único de elevar os índices de produtividade, a qualquer custo.

São objetos diversos, segundo classe de uso, destacam-se herbicidas, fungicidas, inseticidas e raticidas de grupo químico organofosforados, glicinas, carbamatos, piretróides, triazóis e outros, com princípio ativo 2,4-D, glifosato, endolsufan, clorpirifós, cipermetrina. Todos guardam em comum uma relação direta com inúmeros processos de adoecimentos agudos e, possivelmente, crônicos.

Desse modo os agrotóxicos se apresentam como uma vertente do processo de patogenia espacial, ele se torna onipresente e demonstra a profundidade que assume a ambiguidade humana. A deificação da economia e a busca incessante pela acumulação material antagoniza com a saúde humana e ambiental, mostrando, que a configuração genérica de um espaço patogênico guarda seu nexo causal na própria sociedade capitalista, um tipo de patogenia social que acaba por se transformar em uma patogenia espacial (homem-meio).

No estado do Espírito Santos, de 2007 a 2014, foram 143 mortes e 5938 intoxicações por agrotóxicos de uso agrícola, o que significa que tivemos por volta de 742 intoxicações por ano, o equivalente a uma média de 2 intoxicações por dia e uma a cada aproximadas 12 horas. O município de Jaguaré-ES, não diferentemente, demonstra a perversidade desta forma de produzir no campo. São mais de 90% das propriedades rurais fazendo uso de agrotóxicos, paralelamente de 2007 a 2014, somam 67 casos de intoxicações constatados e diversos relatos de contaminação ambiental.

Palavras Chave: Modernização Conservadora, Processos de Adoecimento, Agrotóxicos, Território.