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Relatório publicado nesta semana pela Conab mostra que margem de lucro no arroz é mínima. Quase todo dinheiro arrecadado se destina a agrotóxicos, fertilizantes e sementes.
por Alan Tygel, da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida
Foi lançado nesta quarta-feira (21) o 4º volume da série Compêndio de Estudos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A publicação faz uma análise sobre os custos de produção do arroz e revela algo que já temos alertado há tempos: o "espetacular PIB do agronegócio", aquele que sempre "salva" a economia, na verdade salva apenas o bolso das empresas transnacionais. No final, bem pouco ou quase nada fica no bolso dos produtores.
O relatório faz uma análise dos custos variáveis, ou seja, aqueles custos necessários somente quando há produção: agrotóxicos, fertilizantes, operação com máquinas e sementes. Em alguns casos, esses itens abocanham quase tudo que o produtor recebe: em Itaqui/Uruguaiana (RS), os custos variáveis em 2016 foram em média de R$34 por saca de arroz, ao passo que o produtor ganhou apenas R$41 vendendo a mesma saca. O relatório não fala sobre o custo total, mas incluindo os custos fixos e de logística, é bem provável que haja prejuízo.
O primeiro ponto curioso é a relação entre custo variável e produtividade. Diriam os defensores do agronegócio: "É justo gastar mais com insumos e tecnologia, pois a produtividade será maior". Pois o gráfico mostrado no relatório diz justamente o contrário: os dois municípios com maior gasto em tecnologia - Balsas (MA) e Sorriso (MT) - tiveram o pior desempenho em produtividade.
Em relação aos agrotóxicos, na produção em Sorriso (MT), 25% do custo variável foi gasto com agrotóxicos. No final das contas, dos R$54 reais recebidos por saca de 60kg, R$9 foram gastos com agrotóxicos. Vê-se claramente que o preço do veneno, profundamente dependente do mercado externo, impacta diretamente o preço do alimento. Sinop foi quem mais gastou com agrotóxico, e que teve o preço da saca mais caro. Com os fertilizantes, o efeito é ainda mais extremo: chega a representar 43% do custo variável.
Mais uma vez, fica provado a quem o modelo do agronegócio serve: às transnacionais da sementes, agrotóxicos, fertilizantes, logística, processamento, etc. Os ruralistas brasileiros, que defendem com unhas e dentes esse modelo, são na verdade patetas brigando pelas migalhas. Não somos nós que dizemos: é a própria Conab.
Desde 2008, o Brasil, vem ocupando o lugar de maior consumidor de agrotóxicos no mundo. Os impactos à saúde pública são amplos porque atingem vastos territórios e envolvem diferentes grupos populacionais, como trabalhadores rurais, moradores do entorno de fazendas, além de todos nós que consumimos alimentos contaminados.
Diante desta situação, mais de 100 entidades nacionais constroem desde 2011 a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, que tem o objetivo de sensibilizar a população brasileira para os riscos que os agrotóxicos representam, e anunciar um novo modelo de produção de alimentos baseado na Agroecologia.
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Pelo fim da pulverização aérea!
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Dossiê ABRASCO
Alguém ainda acha que agrotóxico não faz mal? Acesse o Dossiê da ABRASCO sobre Impactos dos Agrotóxicos na Saúde e veja estudos e pesquisas que comprovam a relação entre agronegócio, agrotóxicos e transgênicos com problemas de saúde. Lea también la versión en español!
O veneno está na mesa 2
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Depois do sucesso do primeiro filme, o diretor Silvio Tendler, em parceria com a Campanha, lança o Veneno está na Mesa. Desta vez, o foco é na agroecologia que prova que é possível alimentar o Brasil e o mundo sem venenos.
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